Tenho saudades. Tenho saudades do tempo em que nada era mais importante do que um ovo Kinder ao lanche, comprado no café ao pé do parque infantil. Em que o maior raspanete que apanhava era por ficar até as 9h da noite a andar de bicicleta com os meus amigos e me esquecer que tinha de ir jantar. Olho com nostalgia a altura do Natal, em que mal dormia na noite de 23 para 24 de Dezembro porque no dia seguinte era véspera de Natal e ia ter cá a família toda para brincar comigo (parente canino incluído... dessa já eu não posso matar as saudades que tenho). Os tempos em que o maior crime que cometia era ir abanando e apalpando cada caixa que estava debaixo da árvore, tentando adivinhar o que o embrulho escondia. No fundo, tenho saudades da minha inocência. Perdia-a, algures entre uma gargalhada e uma lágrima no passado não assim tão longínquo. Hoje, tudo tem uma expressão maior, tudo tem consequências. O maior perigo já não é cair e esfolar os joelhos porque estava a correr e a olhar para trás ao mesmo tempo. O maior perigo, hoje, é ter a certeza que mos vão esfolar e eu ter de fingir que não o senti.
2 comentários:
"O maior perigo, hoje, é ter a certeza que mos vão esfolar e eu ter de fingir que não o senti."
é o que mais me custa deste crescimento
Porra... completamente. adorei :)
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