13 de outubro de 2011

(Quase) Perdi a fé

E digo "Quase" porque dizem que a esperança é a última a morrer e eu sempre disse que a minha há-de ir para a cova comigo. Porque olho à minha volta e só vejo nódoas. Deixei de acreditar nas pessoas, essencialmente. Já me é muito difícil acreditar em alguém, a não ser que esse alguém já se tenha provado digno da minha confiança. E quem não confia em pessoas, não pode confiar no mundo que em volta delas gira. Matem Galileu outra vez, porque o mundo não gira à volta do Sol, mas de gente mesquinha que só pensa no seu real cú, que se aprendeu alguns valores morais tem uma memória extremamente selectiva. 

Governantes fazem-se de santos, vestem a pele da ovelha - Nunca, mas Nunca! serão como os seus antecessores... até sentirem a cadeirinha quente debaixo do terno de marca - e despem-na como quem se livra de um par de sapatos que são o número abaixo do seu. 

Juízes, advogados, procuradores... desses nem se fala. Eu dantes achava as anedotas em relação a eles um pouco de mau gosto, mas hoje percebo que não podia estar mais longe da verdade. São tudo o que dizem e muito mais. Julga-se sem olhar a provas (provas? Mas o que é isso? Isso é para quem não tem mais que fazer), condena-se por motivos políticos, têm-se ideias pré-definidas antes de ver os factos (e quem tem o rabinho na cadeira que se lixe), até se é amigo dos envolvidos no caso e tudo, haja beijinhos para todos antes da audiência! 

Educação? Começaram por assassinar a língua (há já muitos anos, que isto não é de agora) e não vão mais parar. Facilite-se tudo para que os meninos cheguem a casa inchados que nem porcos de gravata, com o diploma do 12º ano, quando nem escrever sem darem 5 erros em cada 4 palavras conseguem. Já agora, continuem a tirar as bolsas de estudo, porque afinal só interessa o que se ganha, o que se gasta é porque se é parvo e não se fecha a boca e também não se acha muita piada a morar debaixo da ponte, ou até a ir a nado para a faculdade. Continuem a abrir faculdades, especialmente privadas (nada contra quem tirou o curso por esta via, não é contra isso que estou) sem ter em conta a inundação de profissionais com que vão ficar daqui a X anos, que vai tudo para o desemprego. Mas calma, tem-se o canudo para pendurar na parede e olhar quando se vem da caixa do supermercado...

Na Saúde, os velhotes, que mal têm para comer, têm também de escolher quais os medicamentos que podem levar para casa, porque os preços dos medicamentos descem (vejam só a boa publicidade!) mas as comparticipações e isenções também, portanto ficam a  pagar mais que é democrático. Isto sem falar em taxas moderadoras absurdas, no fecho de unidades de saúde por esse país fora (´Bora lá concentrar tudo no mesmo sítio para ver se morre algum gajo pelo caminho, pá!! É menos um para pagar o subsídio de Natal!)...

Desculpem, mas hoje estou para me revoltar. Não é contra o país, que culpa tem o sítio por ser bonito demais e com demasiado sol? Revolto-me contra as pessoas. Contra a maldade que na maior parte delas reside, contra a pobreza de espírito que têm, contra a ignorância e o mau profissionalismo, contra a mentira e a pura gozação do próximo. Hoje, tenho vontade daquilo que nunca tive: de emigrar e só voltar para as férias de Verão. Porque é para isso que este cantinho à beira mar plantado serve: para apanhar banhos de sol e encher o bandulho de chouriço.

4 comentários:

Miss Murder disse...

É assim, há que não generalizar, há gente má como há gente boa e há gente inteligente e burra (...) Há lugar para todos e há que aceitar toda a gente.

Anónimo disse...

Em mim podes acreditar ... podes confiar :D
Chester*

teardrop disse...

Eu concordo contigo, sobretudo no que diz respeito à saúde que é a área onde trabalho! É uma vergonha os idosos mais pobres não tomarem a medicação que precisam efectivamente porque senão não têm dinheiro para comer. Se há quem não se revolte com isto... então não sei em que mundo vivemos!

Turtle disse...

Miss Murder, é claro que ainda há gente boa e inteligente, simplesmente estão cada vez mais difíceis de se encontrar... e de estar onde devem!

Chester, I know and I really appreciate that^^

Teardrop, sinto isto tão perto do coração quanto tu... um dia vou ser tua colega :)