14 de novembro de 2012

My Thing

Sempre me afligiu saber que toda a gente tinha algo que quase que as "definia", menos eu. Todas tinham a "sua coisa", aquilo que as fazia vibrar, que fazia parte da sua personalidade, aquilo a que eram incrivelmente boas e que preenchia o eco nas suas vidas já não tão vazias. Eu não tinha isso. Fazia-me sentir algo...bege, se é que me faço entender. Existia uma lacuna em mim, sentia o silêncio ensurdecedor do vazio que ocupava. Obviamente que gostava de fazer algumas coisas, entre as quais a escrita (que umas vezes corre bem melhor que outras, em que mais valia ter deixado os dedos quietos), ou a leitura. Quem ler isto acha que eu estudo algo no campo das Humanidades. Nada disso, mente 80% científica e o resto... o resto são devaneios. Sempre gostei de ciências, sempre me fascinou desde criancinha desajeitada. Se tenho jeito? Q.b. Podia ser bem melhor. Acho que gosto mais dela do que ela gosta de mim, mas isso é algo que vou controlando com muita teimosia. Por outro lado, em casa de gente dedicada às artes, também me aventuro, muito a medo, a pintar gesso (ou mais recentemente, tela), apenas para me distrair: enquanto se pinta, todos os problemas do mundo se esfumam, ainda que a pintura saia uma valente borrada. Se tenho jeito? Há mãos mais trémulas. Serve para me distrair e nada mais que isso. No caminho, vai enchendo o meu quarto e o do meu sobrinho de borrões coloridos. Faço também  Reiki, nos tempos livres. Tenho 3 cursos, e até tenho algum jeito e pensei que fosse realmente isso o que me faltava. No entanto, acabei por ter de refrear isto e perceber que este mundo é bastante instável: as pessoas que o fazem mudam constantemente, especialmente de postura. Não me perguntem porquê, eu não vos sei responder, mas é assim mesmo. É também algo com que se tem de ter algum cuidado, não por ser perigoso, mas por podermos cair na esparrela de influenciar o que nos é transmitido. Por isso, apesar de ainda o praticar, principalmente quando me pedem alguma coisa (quando é para os outros é mais fácil de fazer e o "sentido de entreajuda" é mais forte e impele-me a não deixar "para outro dia"), apesar de esta ser uma das  "minhas coisas", sempre me faltou alguma peça do puzzle. Peça que poderá ter vindo do sítio mais inesperado: do desporto. O desporto nunca foi a "minha praia", como dizem os brasileiros. Sempre fui mais de ficar quietinha no meu canto. Tão quieta que, quando era pequena, a minha mãe quase que se esquecia que eu estava em casa, tal não era a minha falta de sinais de vida. Recentemente, decidi que tenho de me mexer, dê por onde der. O colesterol que me entope as veias e a falta de massa muscular obrigaram-me a inscrever-me num ginásio. E foi aí que descobri, talvez, a "minha coisa". Algo que me surge naturalmente, e para a qual tenho, aparentemente, algum jeito. E que gosto bastante, diga-se. Essa peça que me faltava chama-se Yoga. Segue muitos dos princípios do Reiki, pelo que me foi bastante fácil entrar no estado de espírito que o yoga requer. Também tenho a sorte de ser algo flexível, o que me permitiu conseguir fazer algumas posições (e não é que aquilo é meeeeeesmo complicado?!) mais avançadas na primeira aula (e até agora, única). Saí de lá a sentir-me muito bem. E mesmo mais tarde, quando fui sujeita a uma situação que tinha todo o potencial para me tirar do sério, mantive a calma. Talvez, e apenas talvez, seja esta a "minha coisa" que me faltava. Afinal, parece que tenho jeito para alguma coisa. Levei foi 22 anos a descobri-lo!

 E de repente, já não me sinto tão... bege.



5 comentários:

Leitor disse...

Boa sorte ;)
Vê é se não desistes e se a meio vês que afinal...."não era bem isto que me faltava"

Jedi Master Atomic disse...

Da-lhe de força pah. Há ainda tanta coisa para experimentares se essa não der...lol

teardrop disse...

Compreendo-te perfeitamente. Só quando encontrei o BodyBalance e comecei a perceber que existiam energias, é que também descobri um novo eu. E sou tão mais feliz agora!

S* disse...

Isso é muito bom, é importante ter algo que nos motive e dê força.

Turtle disse...

Leitor, desistir eu não desisto... o que vai acontecer é que, daqui a uns meses, vou ficar sem tempo para lá ir :/

Jedi, uma grande verdade! :)

teardrop, fico feliz por ti. É quase como um novo mundo diante dos nossos olhos :)´

S*, devias experimentar!