27 de outubro de 2012

To hurt or not to hurt.

Na vida, tudo existe num equilíbrio delicado. Demasiado sol e apanhas uma insolação, demasiado frio e entras em hipotermia. Demasiados risos e pensam que não tens a roupa toda na mala, um rosto demasiado sorumbático e acham que não jogas com o baralho todo na mesma. Demasiados neutrófilos no sangue e tens neutrofilia, demasiado poucos e tens neutropénia. Cabe a nós encontrar um happy medium e tentar ser o mais normal possível, se bem que, como dizia Caetano Veloso, "de perto, ninguém é normal". Mas isto não foge totalmente ao nosso controlo. Muito pior que isto são as situações em que tu sabes de antemão que digas o que disseres, faças o que fizeres, estás condenado a fazer asneira. Não há meio termo. Y é sempre uma variável dependente, no matter what. Depende da situação X e, nalguns casos, agarra-se fielmente ao desastre, de tal forma que por mais contas que fizeres, por mais que o dividas vai dar sempre um número enormíssimo. Se não divide apenas por 0, fica lá perto. Exemplo disto são as situações em que sabes que, por mais que doures a pílula, vais magoar alguém. Bem que podes dizer as coisas com um tom suave, dizer que é assim mesmo, mas a inevitabilidade da verdade está sempre lá. A perda está-lhe sempre inerente. A dor que causas nunca poderá ser mascarada. No final, depois de largares a bomba e te sentires como um Enola Gay, também a ti te dói. "To hurt or not to hurt?" nem chega a ser uma questão. É uma falácia. To hurt. Resta esperar que a cicatriz não seja muito grande. 


Afinal, a vida não é um equilíbrio, é um desequilíbrio.

7 comentários:

Roxanne disse...

é um desequilíbrio que temos que ir mantendo mais ou menos dentro do considerado saudável. Tipo o que acontece com os neutrófilos: dentro daquela variação, está tudo mais ou menos ok!

Turtle disse...

Roxanne, mas isso é uma arte :)

Jedi Master Atomic disse...

Como eu costumo dizer: o normal é aborrecido. A dor é suposto existir e ser superada (tal como o medo) senão não tem sentido existir.

Farruskinha disse...

É mesmo um desequilíbrio e por mais que queiramos equilibrar nem sempre é possível

Leitor disse...

A vida é um equilíbrio numa corda bamba. Se tudo fosse como nós pintássemos qual seria o desafio?

Turtle disse...

Jedi, normal é realmente bastante aborrecido. Mas um mal repetitivo também :/ Mas sim, faz todo o sentido. Lógica do cair e levantar, right?

Farruskinha, passamos a vida a adicionar pesos a um dos pratos da balança na tentativa de contrapor o que nos calha no outro! :)

Leitor, nenhum. E tens toda a razão, é um desafio. Mas lá está, há aquelas situações em que por muito que te sintas desafiado, o resultado vai sempre ser o mesmo. Aí o desafio é sair sem estilhaços do local do crime.

sapo disse...

Sim, a vida é um desequilíbrio. A nós resta-nos tentar compensar os desequilíbrios da vida.

Falas em dor? Percebo o teu ponto de vista. Mas é inevitável. Magoar e ser magoado. As coisas têm a importância que tu lhes dás. Depende da forma como olhas para elas. Do ponto de vista. Podemos ver tudo como obstáculos ou desafios. Como tragédias ou como oportunidades de sermos mais e melhor. De crescermos e de ajudarmos outros a crescer. Mesmo que tenhamos de magoar. E de nos magoarmos no processo.