20 de outubro de 2011

A fina arte de evitar os indesejáveis

Toda a gente tem na sua vida aquela pessoa com quem falar nem 2 minutos que seja é um martírio. Eu também tenho uma, chamemos-lhe...Sara. Na medida em que é, realmente, o nome dela. Ora, a Sara é uma pessoa que não tem nada a ver com a minha personalidade. Isso até poderia ser bom, porque de perfeita tenho pouco, mas garanto-vos que dali não sai grande coisa que eu consiga aproveitar ou sequer definir como "bom". Começa por falar super alto (quem me conhece sabe que também falo alto, mas ela é diferente, eu estou a falar daquele alto mesmo como quem engoliu um megafone em criança), com uma voz extremamente... pouco delicada, para dizer o mínimo. Não faz qualquer questão de não praguejar a cada 5 segundos, acha que o mundo lhe deve tudo e mais alguma coisa, aliás, as pessoas quase que lhe deviam prestar vassalagem. Ela pode fazer o que bem lhe der na telha e se alguém sair chamuscado, que se lixe. Basicamente, sabe receber às mil maravilhas, mas não sabe dar. Não quer saber de críticas, mesmo que sejam construtivas, ela nasceu assim e não mudará. Já me confessou que o que ela queria da vida era viver num hotel de 5 estrelas, de papo para o ar o ano todo. E não me disse isto com um sorriso brincalhão, falou bem a sério, até me disse lugares e tudo. Tudo isto faz com que falar com ela seja extremamente cansativo, para não dizer irritante, já que vai contra tudo o que sou, e um pouco contra os meus nervos olfactivos, porque cheira como se tivesse acabado de fumar 10 cigarros de uma assentada. Mas vamos lá deixar-nos de descrições e passar à arte, que de fina, não tem nada. Só para vos situar, conheço a Sara das minhas aulas de Inglês, depois das quais só nos encontramos no comboio, muito mais vezes do que aquelas que eu desejaria.

Situação verídica: Estação de comboios de Sete Rios, 17h40min

Turtle, sentada no banco à espera do comboio, avista um par de calças vermelhas e um penteado medonho: todos os pêlos do meu corpo se arrepiam perante tal espectáculo e a possibilidade de ela me ter visto.

Lição 1: evitar o contacto visual

Bem, eu evitei até a proximidade entre corpos, porque me levantei do ÚNICO lugar sentado disponível e fui para bem longe dela, pus-me de costas para a plataforma (encostada ao vidro que faz de parede) e enfiei os óculos de sol como se fosse uma fugitiva. Bem, na verdade, até era.

Eu só pensava: já me safei, já vou poder ter uma viagem de quase 1h descansada da minha vida, a ler o livrinho recém comprado. Eis que quase 10 minutos depois de ter estado a olhar para um vidro escuro como se este fosse a Mona Lisa, chega a hora do comboio e tenho de me chegar à plataforma, senão ficava em terra. O comboio entra, está quase a parar, Turtle olha para a plataforma e não avista o pequeno pigmeu indesejável. Volto a pensar: SUCESSO! Burra. Nem dois segundos depois, sinto uns dedinhos gordinhos no meu ombro já relaxado. F*d*-s*. 

Lição 2: agir como se não tivesses andado a fugir dessa pessoa durante os últimos 15 minutos e ser bem... uma bitch simpática

Perante este cenário, não havia mais nada a fazer: tinha de ser estúpida, mas simpática ao mesmo tempo. Tirei UM dos phones e disse, com o sorriso mais dissimulado que amanhei, "Olha quem ela é, tudo bem?"  

Lição 3: continuar como se nada fosse

Depois da resposta, voltei a enfiar o phone e a olhar para o comboio. Foi mau, eu sei, mas valores mais altos se alevantam.

Lição 4: deixar-se ficar, "casualmente", para trás

Nem pensar que eu ia levar com aquela criatura durante uma hora, não naquele dia, em que não estava com paciência para me aturar a mim, quanto mais a ela. O comboio abre as portas e deixo fazer algo que só faço em situações extremas: arriscar-me a ir de pé. Deixei 2000 pessoas entrar a minha frente, novamente evitei o contacto visual com ela, que acabou por entrar e dirigiu-se ao piso de baixo, onde também costumo ficar. 

Lição 5: conhece os hábitos do indesejável e faz o possível para não te cruzares outra vez com ele, porque senão é morte certa

Dito isto, está-se mesmo a ver que fui para o piso de cima. Até gosto da vista, mas tenho uma tendência anormal a bater com a cabeça na parede, devido ao meu pouco equilíbrio e tamanho a mais.

Resultado: uma viagem tranquila, com alguns ressentimentos por ter sido uma pequena bitch, e um galo na cabeça. Sim, eu não podia sair dali sem isso, deve ter sido castigo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem calculas o que eu me ri a ler isto xDDD
Chester*

Taken for a fool disse...

Não é mesmo péssimo quando isso acontece? Pior é com aquelas pessoas das quais já foste super amiga e depois te afastaste por qualquer razão...awkward!