4 de setembro de 2011

Das oportunidades

Eu sou apologista de que tudo e todos merecem um segunda oportunidade. Por vezes sou até benevolente demais e dou uma terceira, mais que isso acho abusivo e porra, se à terceira não acertou, é porque a pontaria não vale a ponta de um corno. E depois, existe aquela pessoa que, invariavelmente, desperdiça uma, duas, três, mas que insisto em dar "só mais uma oportunidade" porque sei acreditava que essa pessoa ainda não tinha conseguido mostrar o seu verdadeiro valor, que eu tinha sido muito exigente, que as circunstâncias não tinham ajudado... uma cambada de tretas feitas de trampa cobertas por esterco que eu inventei para me convencer de que valia a pena investir só mais um bocadinho. 

"É a última vez", "Já estou farta", ou "É desta que atiro a toalha" foram frases muito proferidas, mas com pouco impacto. Uma e outra vez, lá ia dando a "derradeira" oportunidade, só para a ver desperdiçada, desfeita em cacos numa rua deserta com pouca ou nenhuma luz. Mas  tal como nas leis da física para a elasticidade e plasticidade de um material (sim, eu tenho um lado muito nerd, ignorem e passem à frente, juro que isto serve um propósito muito digno) também eu tenho um ponto de ruptura, em que já nada volta a ser o mesmo. 

Acabam-se as desculpas, acabam-se os pesos na consciência ("ah e tal, estou a ser arrogante, vou tentar que isto acabe em bem"), acaba-se essencialmente a paciência. Entram as certezas de que qualquer oportunidade que pudesse dar seria um atentado a mim própria e à minha sanidade mental. Nem nada nem ninguém merece oportunidades infinitas, a não ser que essa pessoa seja meu pai, minha mãe, minha irmã, meu (hipotético) filho ou meu sobrinho. Esta lista acaba aqui, pelo menos para mim. Porque os amigos escolhem-se e fazem-se valer porque não temos de lhes dar "oportunidades", eles normalmente agarram na primeira e não precisam de mais, pelo menos de uma maneira geral (sim, não há regra sem excepção). E quem quiser ser mais do que um amigo... tem de se mostrar merecedor até da primeira oportunidade. Porque eu já desperdicei as outras 500 que tinha em mim com quem não lhes deu valor. Por isso minha gente que me lê (e que não deve ter chegado ao fim deste texto), doseiem o que dão. Não acreditem piamente em toda a gente, mas também não desconfiem permanentemente só porque sim. Estejam atentos, dêem o que são aos poucos, seja a quem for. E pelo que a minha curta vida me ensinou, tudo merece uma segunda oportunidade, sim. Quanto à terceira... isso já é uma história completamente diferente.

P.S.: isto não é coisa para ficar aqui muito tempo

11 comentários:

Anónimo disse...

É pena que não fique! Há muita gente que deveria ler o que escreveste.
Lamento que não tenha funcionado. Se realmente atingiste o ponto de ruptura, paciência! Custa, dói, magoa, sofre-se. Mas é preferível agora que daqui a mais uns tempos, quando os danos causados pela incúria de quem não soube aproveitar as hipóteses que lhe foram dadas fossem maiores.
Dar sem receber é possível. Mas é esgotante. E, pelo que tenho visto, não produz resultados satisfatórios, nem duradouros.

(desculpa o testamento!)

Turtle disse...

Anónimo, agora fizeste-me pensar se o retiro ou não ;)
Dar sem receber é realmente possível, mas quando isso acontece, o tal "ponto de ruptura" aproxima-se a passos demasiado largos...

(não tens de pedir desculpa! ;) )

Anónimo disse...

É pesar o deve e o haver. E ver para que lado pende a balança. A seguir decidir. Sem medo. Até porque se depois chegares à conclusão que a tua decisão não foi a mais acertada podes sempre voltar atrás. Condicionada, à outra pessoa, claro!



Quanto ao post, acho que devias deixar. Vai que alguém aprende alguma coisa?

(o pedir desculpa é um reflexo condicionado. Os cães salivavam e eu peço desculpa! :) Com treino ainda mudo!)

Turtle disse...

Mas o ponto de ruptura é isso mesmo: é quando já se partiu tudo o que havia para partir, logo não há nada para que voltar. Ou melhor, até há, há que voltar para nós próprios e relembrar tudo aquilo de que nos esquecemos, acima de tudo, de quem somos. Not everything is a setback, como eu já tinha dito num qualquer post anterior meu :)

Ok, eu deixo então. Se uma única pessoa ficar a pensar depois de ler este post, então ele já terá servido o seu propósito!

Anónimo disse...

Como diz um daqueles mails que circula pela net: até pontapé na bunda te leva p'rá frente!

E se já está tudo partido, melhor pegar numa vassoura, varrer e juntar tudo no caixote do lixo, tendo o cuidado de guardar só que é bom de guardar.

E ânimo!

Miss Murder disse...

Eu por acaso não sou muito de dar segundas oportunidades, quando erram uma vez é muito provável que o voltem a fazer e ás vezes já não me apetece correr o risco, é isto.

Anónimo disse...

Mas tentar uma e outra vez, e não desistir, porque se observam alguns progressos no sentido pretendido é tão gratificante!
Além disso se não se correrem riscos, nunca sabemos se existe ou não o pote de ouro no fim do arco-íris.

Errar é humano.
Persistir no erro é estupidez.

Turtle disse...

Miss Murder, às vezes perdem-se algumas coisas por não se dar uma segunda oportunidade... mas sim, não deixa de ser um risco. Pode é valer ou não a pena!

Turtle disse...

Anónimo, tentar muitas vezes cansa. Correr riscos pode ser muito gratificante ou dar terrivelmente para o torto, e o pote de ouro pode ter um preço maior do que aquilo que ele próprio vale. é tudo uma questão de pesar os prós e os contras e de se saber bem o que se quer, suponho eu...

Anónimo disse...

Estamos de acordo.

Nokas disse...

Acho que toda a gente merece uma segunda oportunidade...só assim é que se vê se realmente são merecedoras do nosso tempo!