25 de janeiro de 2011

O que eu encontrei

Num acesso de pura insanidade, resolvi desbravar aquela montanha de pastas, pastinhas e montículos de papel que jaziam relaxadamente na prateleira da estante lá do fundo. O que começou por uma vontade de arranjar uma pasta minimamente organizada onde a folha com o número de eleitor e os recibos da carta de condução pudessem coexistir sem se ferirem mutuamente, acabou com o desenterrar de coisas que eu já nem me lembrava de ter feito: um trabalho sobre a Atlântida (que me deu uma trabalheira a traduzir toda uma teoria do inglês para português, mas que adorei), a minha faixa de finalista do ensino secundário com suas respectivas dedicatórias (estranho como as pessoas mais importantes não chegaram a escrever nada, mas são essas que hoje se mantêm presentes) e... bem, o bloco de folhas pautadas mais deprimente que alguma vez tive nas mãos. E fui eu que o tornei deprimente. Lá estavam coisas que nunca me atreverei a publicar, escritas em 2006 e 2007. Memórias que pensava já não existirem, sentimentos que pensava já não recordar que alguma vez foram meus. Li e reli muito do que escrevi. Unrequited love é a besta que todos sabemos, e teve a sua quota parte no tal bloco, assim como um dia particularmente péssimo que foi o meu 17º aniversário. Descobri que, no meio de palavras confusas, revoltadas e às vezes enraivecidas, acabava sempre os textos/poemas com uma frase/verso que me motivasse a seguir em frente e a aprender com os erros ou infelicidades, mas a não me deixar afundar com eles. Já caíste, já te auto-flagelaste, já sangraste o que tinhas para sangrar, agora levanta-te, ergue a cabeça e enxuga as lágrimas que te percorrem o rosto, que o melhor está ainda para vir. E veio.
Com 16/17 anos sabia fazer isto melhor que hoje, aos 20. Veio em boa altura este fantasma do meu eu-passado. Porque nós também nos sabemos ensinar a nós próprios :D



P.S.: encontrei estes junto aos textos :) só para reforçar a ideia

4 comentários:

J. disse...

Maneira interessante de abordar as coisas. Acho que nunca o fiz, também me dava jeito começar :/

CurlyGirl disse...

É sempre bom quando encontramos coisas que já nem nos lembrávamos que existiam. Parece que nem somos as mesmas pessoas que escreveram aquilo. É estranho, mas bom. Recorda-nos que temos um passado e que crescemos. =)
Ainda bem que no teu futuro nos encontrámos.

Artemisa disse...

Sabes que eu continuo a fazer isso? Posso estar em baixo, triste ou mesmo zangada, mas tenho sempre que arranjar algo que me dê força para seguir em frente.

Geralmente vou ver uns textos que ali tenho. Motivam-me. :)

S* disse...

Grandes lições em pequenas frases.